Startup francesa quer implantar mais 50 fábricas de biocarvão no ES

Com potencial de investimento de R$ 1,8 bilhão, projeto conta com a expectativa de participação de recursos provenientes do Fundo de Descarbonização do Bandes
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Biocarvão é feito a partir de resíduos do café ou da cana-de-açúcar Crédito: Leonardo Tononi/Vice-governadoria
 

A startup francesa NetZero, que já opera uma unidade de produção de biochar em Brejetuba, na Região Serrana, quer ampliar sua atuação e construir mais 50 fábricas no Espírito Santo nos próximos cinco anos.

Também conhecido como biocarvão, o produto é feito a partir de resíduos do café ou da cana-de-açúcar e funciona para reter água e nutrientes no solo, aumentando a produtividade das plantações e reduzindo a necessidade de fertilizantes. Além de Brejetuba, a NetZero tem fábricas em Minas Gerais.

Em conversa com a reportagem de A Gazeta durante a Semana Internacional do Café, em Belo Horizonte (MG), o diretor da NetZero Ricardo de Figueiredo afirmou que a empresa tem planos ambiciosos de expansão no Espírito Santo que preveem a construção de mais de 50 novas fábricas nos próximos cinco anos.

O projeto, que tem potencial de investimento de R$ 1,8 bilhão, conta com a expectativa de participação de recursos provenientes do Fundo de Descarbonização desenvolvido pelo Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes).

Ricardo de Figueiredo explicou sobre o potencial de descarbonização do Estado com a ampliação do número de fábricas de biocarvão.

“Conseguimos construir uma fábrica em seis meses e também construir dez fábricas ao mesmo tempo. Orçamos um potencial de investimento de R$ 1,8 bilhão só com biochar. E isso tudo vai ter o potencial de remover 6 milhões de toneladas de carbono da atmosfera a partir dos 50 empreendimentos previstos. Isso equivale a comprar quase 4 milhões de ônibus elétricos para fazer a mesma descarbonização, gastando R$ 10 bilhões”, explica.

A fábrica de Brejetuba está produzindo atualmente cerca de 4 mil toneladas de biochar por ano e o produto tem sido usado em plantações de café em várias cidades do Estado, como Afonso Cláudio, Iúna e Ibatiba.

 

6 MILHÕES

DE TONELADAS DE CARBONO PODEM SER REMOVIDOS DA ATMOSFERA COM AS 50 FÁBRICAS

Ricardo de Figueiredo detalhou que o avanço no Estado prevê também usar resíduos da cana de açúcar para produzir o biochar.

 

Figueiredo salientou o impacto ambiental revolucionário que o projeto trará ao Espírito Santo, comparando-o com outras formas de combate às emissões. A iniciativa tem potencial para gerar uma descarbonização total (entre carbono removido pela biochar e emissões reduzidas) de cerca de 6 milhões de toneladas de carbono.

A ideia é levar fábricas para regiões como Central, que considera entre as montanhas capixabas e a Grande Vitória; Norte, como Linhares e Jaguaré, onde predominam as plantações de café conilon; e também no Sul, como Jerônimo Monteiro, Mimoso do Sul e a região do Caparaó.

 

1.600 EMPREGOS DIRETOS

PODEM SER GERADOS COM AS FÁBRICAS, ALÉM DE 16 MIL INDIRETOS

Além do benefício climático, as 50 fábricas têm previsão de gerar 1.600 empregos diretos e 16 mil empregos indiretos, movimentando serviços e economia nas cidades onde se instalarem.

Segundo Figueiredo, a ideia não é que o Bandes financie diretamente a NetZero para a construção de todas as 50 plantas, mas sim a partir de um modelo de parceria em que o financiamento é direcionado ao produtor local ou à cooperativa. “A nossa ideia é levar a planta sempre o mais próximo possível do campo”, afirma.

Segundo o diretor, esse modelo é mais rentável para o produtor, garantindo que o empreendimento seja todo dentro do Estado,  utilizando resíduos e aplicando o biochar em território capixaba.

“Este é um projeto 100% circular, 100% local, só com pequenos agricultores.”

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Ricardo de Figueiredo é diretor da NetZero Crédito: Leticia Orlandi

Uso do biochar na recuperação de áreas degradadas

A segunda vertente de uso do biochar pela empresa vai além da melhoria da produtividade agrícola e se concentra na recuperação de áreas degradadas e no reflorestamento.

Segundo Figueiredo, a empresa busca integrar o biochar em programas estaduais para recuperação de áreas degradadas, notadamente no vale do Rio Doce. O objetivo é que o produto atue como um insumo estratégico para auxiliar nessa recuperação.

Para avançar nesta frente, a empresa está discutindo projetos com o Bandes (Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo), a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Seama) e a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), buscando inicialmente realizar um grande experimento para demonstrar a viabilidade do uso do produto nesses contextos.

Um exemplo dessa aplicação é o projeto de reflorestamento em parceria com o Bandes e o Instituto Terra. O banco herdou uma área degradada e planeja transformá-la na Reserva Bandes, onde a NetZero vai auxiliar no processo de reflorestamento.

Fonte: A Gazeta

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